top of page
DAYANE MONTEIRO LEITE
Portfólio digital
Innovation without growth: Frameworks for understanding technological change in a postgrowth era
Pansera, M., & Fressoli, M. (2020)
“Os métodos modernos de produção nos deram a possibilidade de facilidade e segurança para todos; nós escolhemos, em vez disso, ter excesso de trabalho para alguns e fome para outros... "
―Bertrand Russell (2004), In Praise of Idleness
Reflexões: Innovation without growth: Sobre
Para Solow (2012) é nossa obrigação como países ricos encontrar maneiras para o resto do mundo se desenvolver economicamente com um respeito adequado pelo meio ambiente. A inovação hoje se tornou o santo graal de qualquer organização capitalista que aspira crescer e obter vantagens competitivas sobre seus concorrentes. Tornou-se um poderoso discurso reproduzido pela mídia, organizações internacionais e governos que prega a transformação de quaisquer formas em fontes de fluxos de inovação sem fim.
Strand et al. (2018: 1850) afirmam que há uma série de crenças implícitas quando falamos em inovação e estas incluem: (I) Inovação tecnológica (incluindo novos artefatos, software, serviços, novas formas organizacionais e até mesmo novos organismos geneticamente modificados) e mudanças que levam a mais benefícios para a sociedade do que danos e riscos; (II) A inovação leva a mais empregos e melhores salários; (III) Maior eficiência em sistemas técnicos implica diminuição do uso de recursos naturais e, portanto, sustentável; (IV) O principal papel dos cidadãos é ser produtores, consumidores, receptores de bem-estar, eleitores e sujeitos de governança.
Essas suposições sustentam, por sua vez, duas crenças mais profundas. Em primeiro lugar, que o progresso tecnológico é inevitável (ou seja, determinismo tecnológico) e, em segundo lugar, a inovação sempre leva ao crescimento econômico, prosperidade (em algum nível) e a criação de empregos e, como tal, é sempre bom (ou seja, produtivismo). Para Fressoli e Pansera (2021) a "inovação" deve ser ressignificada (ou seja, fundamentalmente redirecionando a inovação como um fenômeno social em si por meio de práticas organizacionais que desvinculam a inovação do crescimento.
Reflexões: Innovation without growth: Sobre

Uma nova onda de estudos transdisciplinares mostrou que o crescimento não leva necessariamente (ou automaticamente) a mais sociedades prósperas (D’Alisa et al., 2014; Kallis, 2018). O determinismo tecnológico é baseado na ideia de que a mudança tecnológica (muitas vezes impulsionada pela ciência, (Mokyr (2002)) é inevitável e o ritmo de inovação em uma dada economia é obrigado a aumentar indefinidamente. A inovação, muitas vezes reforça posições dominantes desiguais em um mercado, limita o acesso de certos recursos e bens sociais a setores sociais específicos ou interrompe rapidamente as formas tradicionais (em alguns casos mais sustentáveis) de fazer as coisas. É evidente que a inovação aumenta a produtividade do trabalho, mas não é suficiente para proporcionar bem-estar ou escapar da pobreza.
Reflexões: Innovation without growth: Imagem
Isso nos leva a pensar que a inovação sem governo resolve problemas, mas também cria mais (sociais e ambientais) (Macnaghten e Owen, 2011). Em suma, o determinismo tecnológico nega a pluralidade inerente de inovação, seus resultados possíveis variados e diversos, enquanto a posição do produtivismo negligencia as questões políticas em torno dele, por exemplo, quem decide o que é bom ou ruim? Quem ganha quem perde? Por quais mecanismos de poder? Queremos usar o aumento de produtividade para reduzir o trabalho tempo, para aumentar o salário ou para distribuir dividendos aos acionistas? Essas perguntas raramente são feitas em projetos de inovação (Flyvbjerg, 2004). Essa ideia foi lançada já na década de 1950 por Jünger (1949) e Ellul (1964) que chegaram à conclusão pessimista de que os seres humanos estão destinados a serem escravizados pela tecnologia e pelos modos tecnológicos de pensamento.
Reflexões: Innovation without growth: Sobre
Os autores em seu artigo mostram exemplos de diferentes maneiras de enquadrar a inovação não orientada para o crescimento analisados sob a lente do que Illich (1973) descreveu como ferramentas de convívio. São citadas seis ameaças principais de crescimento excessivo: (1) degradação biológica, o desenvolvimento tecnológico descontrolado pode destruir ecossistemas (por exemplo, mudanças climáticas); (2) monopólio radical, condição em que fica excluído quem não tem acesso a determinada tecnologia da vida social (por exemplo, carros e rodovias, celulares, telefones etc.); (3) superprogramação, a impossibilidade dos usuários de compreender e manipular a tecnologia (por exemplo, supercomplexidade, código fechado, direitos de propriedade intelectual, etc.); (4) polarização, aumentando a desigualdade causada pela inovação; (5) obsolescência, a necessidade de continuar produzindo e comprando novos produtos e (6) frustração causada pela realização de um ou mais desses seis mecanismos simultaneamente.
Reflexões: Innovation without growth: Sobre
A essas ameaças, Illich propôs sua noção de ferramentas de convívio, por exemplo, tecnologias que preservam ou melhoram os ecossistemas, permitem a autonomia e o controle dos usuários, interrompem relações de poder desiguais e são robustas e duráveis (Vetter, 2018). Em termos práticos, as tecnologias para serem "conviviais" devem mostrar 5 características: relação, acessibilidade, adaptabilidade, bio-interação e adequação.

Reflexões: Innovation without growth: Imagem
Pansera e Fressoli (2020) apresentam exemplos de inovações orientadas para o pós-crescimento e suas configurações organizacionais. Discutem as características comuns desses exemplos e suas diferenças com
as inovações buscadas por organizações orientadas para o crescimento, finalizando o artigo com sugestões para aprimorar os estudos na área de pós-crescimento.
Reflexões: Innovation without growth: Texto
bottom of page