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Reflexões: Theoretical perspectives on organizations and organizing in a post-growth era
05/06/2021
Banerjee, S. B., Jermier, J. M., Peredo, A. M., Perey, R., & Reichel, A. (2020)
Reflexões: Theoretical perspectives on organizations and organizing in a post-growth era: Publicações
A pandemia causada pela Covid 19, que matou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo em 2020, fez com que o mundo passasse por mudanças até então nunca vistas. A pandemia escancarou as desigualdades sociais já existentes, assim como a realidade desesperadora da população mundial. Não só a economia foi terrivelmente afetada, mas também a vida diária da raça humana.
As decisões que tomamos diariamente resultam em consequências que nem sempre são positivas. O descaso com o meio ambiente nas últimas décadas tem acarretado um aumento da temperatura média global, como também a perda da biodiversidade e a extinção de espécies, sem falar do esgotamento dos recursos naturais não renováveis. Há uma urgente necessidade em repensar nossas ações e escalar esforços globais, assim como os realizados na luta contra a Covid 19, para a criação de uma economia verde e sustentável.
O esgotamento dos recursos visando o crescimento econômico desenfreado, desencadeia novos problemas. A ideia de que o crescimento econômico resolveria problemas como a pobreza e o desemprego, não passa de uma ilusão, que faz com que grandes organizações continuem sendo detentoras de um enorme capital, fazendo maior parte da população escrava de seus trabalhos e serviços, tornando o crescimento econômico insustentável – econômica, social e ecologicamente, podendo até transformar um planeta inabitável para a raça humana e várias outras espécies. Jackson (2009) afirma que somos analfabetos ecologicamente, já que não levamos em consideração a destruição ecológica que acompanha o crescimento econômico.
O mundo não precisa escolher entre crescer economicamente ou evitar as mudanças climáticas que podem dizimar uma espécie, é possível manter ambos harmoniosamente como já sugere Stern em seu relatório “The Economics of Climate Change”. Atualmente a economia capitalista é baseada em conceitos ilusórios de “crescimento verde”, as políticas podem ser implementadas de forma voluntária sem legislação.
Para Scheneider (2010) o decrescimento é uma redução equitativa da produção e do consumo que aumenta o bem-estar humano e que melhora as condições ecológicas a nível local e global, a curto e longo prazo. Não necessariamente produzir e consumir menos, mas sim, de forma consciente. É preciso repensar ações e alternativas que proponham uma transformação socioecológica democrática da economia como sugere Lowi (2015).
O valor atribuído ao crescimento econômico e material em nossas vidas domina as sociedades modernas, que nos proporciona cada vez mais a falsa ilusão do crescimento, onde simultaneamente ao ascendermos socialmente e materialmente, descendemos ecologicamente.
Á medida que as crises ambientais aumentam, a urgência em alternativas ecológicas também, Dally (2014) afirma que o crescimento econômico diminui a saúde e o bem estar. E é o que cada vez mais presenciamos diariamente, a correria do dia-a-dia nos torna reféns do capitalismo, onde cada vez mais trabalhamos mais, para adquirir mais, sempre em busca do “a mais” que nunca é capaz de satisfazer nossas necessidades materiais, diminuindo drasticamente cada vez mais a valoração dos momentos simples que outrora era o que fornecia o enriquecimento pessoal.
Talvez como possíveis alternativas devamos voltar a valorizar o menos é mais, limitar a obsessão pelo crescimento e passar a focar no que é ideal economicamente e suficiente para suprir as necessidades dos cidadãos de forma estável, desta forma haverá a diminuição da extração dos recursos renováveis evitando assim progressivamente seu esgotamento, proporcionando um fluxo de poluição menor dentro de limites aceitáveis para o planeta conforme Daly (1991).
É necessário resistir a ideia de que o decrescimento leva à pobreza e ao colapso econômico, sem uma educação e saúde de qualidade, uma vez que se refletirmos sobre o assunto estamos vivendo um crescimento desenfreado sob as mesmas supostas afirmações, o que não necessariamente indica satisfação com a vida que possuímos ou felicidade e bem-estar. Muito pelo contrário, nunca se presenciou antes uma sociedade com tantos transtornos mentais como agora, a geração da depressão e da ansiedade que geram cada vez mais casos de suicídios e automutilação segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 80% da população mundial, cedo ou tarde, irá se deparará com este mal do século. Cury em seu livro Ansiedade: como enfrentar o mal do século, ainda cita que sem perceber a sociedade moderna – consumista, rápida e estressante - alterou o ritmo de construção dos nossos pensamentos, gerando consequências para a nossa saúde emocional, o prazer de viver, o desenvolvimento da inteligência, da criatividade e a sustentabilidade das relações sociais. Estamos adoecendo coletivamente! Um grito de alerta!
A economia mundial implica atender as necessidades básicas de cada ser humano, é possível ter uma vida boa com menos bens. É preciso pensarmos em princípios de suficiência coletiva, satisfazer-se em necessidades básicas de forma equitativa (Liegey e Nelson, 2020). Que sejamos abundantes na frugalidade, onde possamos reduzir desigualdades sociais, materiais, expandindo horizontes para novas experiências de abundâncias. Passemos a pensar gradualmente mais nos princípios do decrescimento, onde entregar qualidade se sobrepõe a ter quantidade, onde a ênfase não está em “menos”, mas sim “diferente”, diferentes formas de uso, diferentes relações, diferentes papéis de gêneros, diferentes relações com o não humano mundo. (D’alisa et al., 2015).
É urgente a necessidade de se caminhar rumo a uma nova economia política, imaginando a redistribuição, restauração, cooperação e suficiência. A pandemia abriu os nossos olhos, fazendo-nos ver que para um mundo mais consciente não é preciso necessariamente apenas de instituições médicas, expondo brutalmente a realidade daqueles que vivem as margens da sociedade, que morreram em números exorbitantes para manter o massacrante sistema capitalista.
Será que podemos usar sementes de solidariedade e empatia para criar melhores formas de organização? E se reformulássemos uma economia que é guiada pelo bem-estar e prosperidade humanos dentro de limites ecológicos ( Jackson, 2009 )? Uma economia que funde o bem-estar da comunidade e o bem-estar subjetivo individual com o objetivo de “estarmos bem juntos” ( Atkinson et al., 2020 : 1903)?
Que passemos cada vez mais a praticar o abandono e o desapego, promovendo o espírito de ajuda, auxílio, solidariedade, empatia, compreensão, gerando mudança de ideais e criando valores baseados na cooperação numa nova sociedade pós-crescimento, alcançando níveis necessários de desmaterialização para impedir o dano ecológico que pode acarretar a extinção da nossa própria espécie.
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